O BOPE bate a sua porta. Os traficantes jogam bombas do morro que caem no meio da rua e explodem. O tiroteio começa às 13 horas, quando as crianças do coleginho municipal atravessam a rua para ir pra casa. O secretário de justiça e o governados do estado assistem a tudo isso pela televisão. Eu assisto ao vivo, da janela da minha casa.
Agora, já fazem três madrugadas que a cidade maravilhosa passa por uma guerra. Veículos pegam fogo, pessoas morrem, inocentes se ferem. Só onze culpados foram presos. Todas as pessoas são impossibilitadas de sair de suas casa e seguir suas rotinas. Epa! Calma aí... todas as pessoas?
Bem, nem todas. Por enquanto, o fuzuê se localiza bem aqui na vizinhança: o famoso Complexo do Alemão. Bom, eu não conheço o alemão que deu nome ao Complexo, entretanto, conheço esta área do Rio de Janeiro como a palma da minha mão. Afinal, nasci aqui. Alemão, Adeus, Nova Brasília, Nova Olanda, Grota, Grotão, Cruzeiro, Maré, Manguinhos... e por aí vai. O Complexo do Alemão ainda não é a maior favela do Rio de Janeiro; é a Rocinha. Mas é claro que caminha pra se igualar a ela. Só que a Rocinha é a Beira-Mar, lá na Zona Sul. Aqui, é o outro lado, o lado que ninguém gosta... depois da Suburbana e um pouquinho mais.
Bem vindo a Zona Norte, terra de ninguém. Dominado pelo tráfico de drogas a mais de dez anos, vivemos assim e aprendemos a conviver com a situação a muito tempo. Todos por aqui já sabem o que fazer em caso de tirotéio. Todos por aqui já sabem se proteger das balas. Todos por aqui já perderam alguém próximo pro tráfico. Todos por aqui já estão a muito tempo cansados do toque de recolher e das guerras entra as facções rivais. Todos aqui sabem o que é conviver com o terror 24 horas por dias, 7 dias por semana. Vivemos a base do hoje, tudo bem. Amanhã, já nem sei...
Ao sinal do primeiro tiro, todos correm pra dentro de suas casas. Todas as lojas fecham. Todas as crianças são encaminhadas para dentro de suas escolas e esperam nos corredores. Todos nós esperamos... esperamos... esperamos... pelo quê?
Quando eu digo que não vou me render a estes marginais que estão fazendo terrorismo na minha cidade, eu deixo todo mundo me achando uma doida varrida. Ninguém entende a minha posição! ESTA CIDADE É MINHA, E NINGUÉM VAI EXPLODIR ELA DEBAIXO DO MEU NARIZ! Ninguém vai me botar medo, me prender dentro de casa e dizer o que eu posso ou não fazer. Eu vou sim pra rua, mostrar que esta cidade também é minha, que eu sou uma cidadão carioca e que terrorismo só gera mais violência.
Quero avisar pros amedontrados de plantão que a única coisa que morre de véspera é peru de Natal, e enquanto eu puder vou lutar com todas as minhas forças contrao tráfico de drogas, que é o gerador de tudo isso. Quando minha hora chegar, eu vou morrer. Todo nós iremos, seja de bala perdida, seja de velho.
E como diria Emiliano Zapata "Meu amigo, é melhor morrer de pé, do que viver de joelho".
Bem, nem todas. Por enquanto, o fuzuê se localiza bem aqui na vizinhança: o famoso Complexo do Alemão. Bom, eu não conheço o alemão que deu nome ao Complexo, entretanto, conheço esta área do Rio de Janeiro como a palma da minha mão. Afinal, nasci aqui. Alemão, Adeus, Nova Brasília, Nova Olanda, Grota, Grotão, Cruzeiro, Maré, Manguinhos... e por aí vai. O Complexo do Alemão ainda não é a maior favela do Rio de Janeiro; é a Rocinha. Mas é claro que caminha pra se igualar a ela. Só que a Rocinha é a Beira-Mar, lá na Zona Sul. Aqui, é o outro lado, o lado que ninguém gosta... depois da Suburbana e um pouquinho mais.
Bem vindo a Zona Norte, terra de ninguém. Dominado pelo tráfico de drogas a mais de dez anos, vivemos assim e aprendemos a conviver com a situação a muito tempo. Todos por aqui já sabem o que fazer em caso de tirotéio. Todos por aqui já sabem se proteger das balas. Todos por aqui já perderam alguém próximo pro tráfico. Todos por aqui já estão a muito tempo cansados do toque de recolher e das guerras entra as facções rivais. Todos aqui sabem o que é conviver com o terror 24 horas por dias, 7 dias por semana. Vivemos a base do hoje, tudo bem. Amanhã, já nem sei...
Ao sinal do primeiro tiro, todos correm pra dentro de suas casas. Todas as lojas fecham. Todas as crianças são encaminhadas para dentro de suas escolas e esperam nos corredores. Todos nós esperamos... esperamos... esperamos... pelo quê?
Quando eu digo que não vou me render a estes marginais que estão fazendo terrorismo na minha cidade, eu deixo todo mundo me achando uma doida varrida. Ninguém entende a minha posição! ESTA CIDADE É MINHA, E NINGUÉM VAI EXPLODIR ELA DEBAIXO DO MEU NARIZ! Ninguém vai me botar medo, me prender dentro de casa e dizer o que eu posso ou não fazer. Eu vou sim pra rua, mostrar que esta cidade também é minha, que eu sou uma cidadão carioca e que terrorismo só gera mais violência.
Quero avisar pros amedontrados de plantão que a única coisa que morre de véspera é peru de Natal, e enquanto eu puder vou lutar com todas as minhas forças contrao tráfico de drogas, que é o gerador de tudo isso. Quando minha hora chegar, eu vou morrer. Todo nós iremos, seja de bala perdida, seja de velho.
E como diria Emiliano Zapata "Meu amigo, é melhor morrer de pé, do que viver de joelho".