Entre mim e mim, há vastidões bastantes
para a navegação dos meus desejos afligidos.

Descem pela água minhas naves revestidas de espelhos.
Cada lâmina arrisca um olhar, e investiga o elemento que a atinge.

Mas, nesta aventura do sonho exposto à correnteza,
só recolho o gosto infinito das respostas que não se encontram.

Virei-me sobre a minha própria existência, e contemplei-a
Minha virtude era esta errância por mares contraditórios,
e este abandono para além da felicidade e da beleza.

Ó meu Deus, isto é a minha alma:
qualquer coisa que flutua sobre este corpo efêmero e precário,
como o vento largo do oceano sobre a areia passiva e inúmera...

(Cecília Meireles)


A resposta mais sincera é: não sei! Não sei porque eu gosto tanto de Harry Potter. Só sei que gosto muito e fico indignada quando as pessoas se espantam com isso.

Vou te contar, a história de Harry Potter acompanhou minha adolescência. Li o primeiro livro com 12 anos e nunca mais consegui abandoná-los. Fiquei tão viciada que não consegui esperar sair em português e acabei lendo quase tudo em inglês mesmo. Claro que depois eu reli em português, principalmente pra fazer a coleção na minha estante. Agradeço a todos que coçaram o bolso pra me agradar.

Mas eu não me contentei simplesmente com os livros escritos por J.K. Rowling. Eu li todos os livros e afins, até os de curiosidades sobre a série. Comprei muitas revistas, colecionei miniaturas e guardei meus ingressos dos filmes. Vi todos no cinema, mais de uma vez. Só não comprei em DVD ainda porque eu estou esperando lançar o último filme, e tenho certeza que vão lançar um super-master box maravilhoso que eu vou ter que economizar muito pra comprar. Mas não tem problema: eu gosto assim.

Mas nada disso responde a pergunte: por que eu gosto tanto de Harry Potter? A resposta mais certa seria porque eu sou nerd. Mas se fosse por isso, deveria gostar de todas as séries sobre magia, e olha que existem muitas. Mas no meu coração não há espaço para mais nenhuma. Harry Potter me ganhou na primeira linha, e eu não canso de relê-lo.

Mas eu sei que não estou sozinha. Muita gente é assim que nem eu, fascinada. Um mundo mágico, onde tudo é possível. As pessoas podem se transportar de um lugar pro outro sem precisar pega um ônibus lotado! Uma escola em que você aprende uma matéria mais interessante que a outra e onde não há tédio. Uma eterna luta entre o bem e o mal, e que você nunca sabe quem está na vantagem. Muita aventura, muita emoção, muitas viradas estratégicas. Impossível de largar, impossível de esquecer.

Uma fuga pra um mundo encantado, onde viver é muito complicado, mas também muito mágico. Onde você conhece pessoas incríveis, criaturas inacreditáveis e lugares inimagináveis. Onde objetos mágicos podem estar em qualquer lugar, ser qualquer coisa.

Eu ainda estou esperando minha carta de Hogwarts. Acho que ela foi extraviada. Afinal, minha sociopatia e minha sensação de que estou no lugar errado não seria tão forte, não é mesmo?

Eu sei que eu estou parecendo mesmo meio doida, mas isso tudo é pra dizer que viajo mesmo nesta leitura. Vale a pena cada centavo investido nesta série maravilhosa. Virei e viro a noite lendo, e continuo afirmando que Harry Potter é a melhor série de livros de todos os tempos, e que recomendo pra todos os públicos de todas as idades pra sempre forever.

Mais do que me fascina esta leitura, me fascina pensar que existem muitos outros pottermaníecos por aí como eu, que, como eu, já fizeram tantas loucuras e gastaram tanto dinheiro que é melhor nem comentar. Que existe tanta gente fascinada pela história do bruxinho e de seus amigos que ficou muito triste quando acabou os livro. Que existe tanta gente doida que, assim como eu, tá doida pelo último filme, assim como não quer ver. Porque isso significa o fim de uma fase maravilhosa, lembra um tempo muito bom. Um tempo de sorrisos, leituras e magia.


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Eu nunca tinha explicado. Mas também ninguém tinha perguntado. E já que me questionaram sobre o nome do blog, aí vai a explicação. Essa imagem aí em cima é uma fotografia do tão adorado (por mim) Vik Muniz. Mas ela não é só uma fotografia. Ela é a reprodução de uma pintura do Fragonard de 1772, feita de chocolate e fotografada pelo Vik. Nela tem tudo: fotografia, chocolate, literatura e uma moça bonita. Tudo que tem aqui!

Então, gostaria de falar um pouco do Vik Muniz pra vocês, queridos leitores homenageados na imagem a cima. Os trabalhos dele foram tema do meu TCC e ainda é objeto de alguns estudos, curiosidades e dinheiro gasto com livros até os dias de hoje. Tudo começou quando fui na exposição que ele fez em 2009 no MAM do Rio. Depois nunca mais consegui esquecê-lo, e ele virou não só meu ídolo, mas também um exemplo de bom trabalho e superação.

Eu sei que muita gente passou a conhecê-lo recentemente também, mas mais pela abertura da novela da Globo e pelo documentário que foi indicado ao Oscar, "Lixo Extraordinário". Mas acho que muita gente não sabe que a capa do CD dos Tribalistas também foi feita por ele. Lá estão Marisa Monte, Carlinhos Brown e Arnaldo Antunes deliciosos, feitos de chocolate. O CD é ótimo, mas sempre achei que a capa fosse algum trabalho de Photoshop até descobrir essa curiosidade.

Essa imagem, e muitas outras, fazem parte de uma série de fotografias intituladas "Pictures of Chocolate" (Imagens de Chocolate), começada 1997. Nele, a maioria das imagens refeitas são pinturas conhecidas, recriadas a partir de calda de chocolate. A série marca dois pontos fundamentais na carreira de Vik: a primeira vez que ele trabalha com fotografia colorida e a busca, cada vez maior, por materiais que traduzissem o sentido da tinta. Além disso, este é mais um trabalho que resgata seu espírito infantil, de uma criança que adora brincar com comida.

O principal motivo que o levou a utilizar o material perecível relaciona-se diretamente com uma justificativa para o ato fotográfico. Sem a fotografia, não seria possível produzir e expor estas obras. Com a calda de chocolate, em especial, o trabalho teria que ser feito muito rápido, pois o material começava a secar e perder seu aspecto brilhoso e de pintura fresca no prazo máximo de uma hora.

Outro aspecto no desenvolvimento deste trabalho foi o tamanho das imagens. Decidido de que esta técnica se relacionava muito com a pintura tradicional, o artista decidiu fazer ampliações enormes, que exigem que o observador se distancie da parede para poder observar a imagem como um todo, ao mesmo tempo em que se necessita chegar bem perto para poder captar todos os detalhes. O contraste entre as duas leituras de uma mesma obra obriga o observador a estar constantemente se aproximando e se afastando das obras, criando algo performático.

Espero que vocês tenham gostado de saber um pouquinho mais sobre o nome do blog, sobre o Vik Muniz, e sobre minha monografia.

Imagens utilizadas: A Leitora, Tribalistas e Pollock.


É isso aí, esse papo de novo. Tenho que voltar a tal da pirataria de novo pra poder expressar minhas opiniões a cerca do assunto. Só pra ser diferente, andei assistindo a uns debates meio extranhos esses dias e resolvi escrever sobre o assunto também. Será que isso é pirataria? Será que é plágio? Será que fere a lei de direitos intelectuais? Ou será que simplesmente estou dando uma opinião sobre algo já meio batido? Você decide...

Quem não tem teto de vidro, que atire a primeira pedra. Você, querido leitor que passou a vida toda sem baixar uma música, um filme, um livro, nunca comprou CD pirata nem camiseta genérica no camelô da Uruguaiana e teve a sorte de ter dinheiro pra tudo original na sua vida, sinta-se privilegiado. Você faz parte de uma elite muito pequena aqui nas terras tupiniquins.

Já eu, sempre gostei de comprar CDs, livros e filmes, mas a grana sempre foi pouca. Sempre tive que selecionar o que eu ia comprar, e quando as coisas apertavam, ficava satisfeita de ainda ter televisão pra poder ver a Sessão da Tarde. Nunca tive muitos luxos, sempre frequentei bibliotecas e troquei livros e CDs com as vizinhas. Mas, quando minha mãe comprou um computador, tudo mudou. Um novo mundo de possibilidades de abriu para mim. Agora tudo estava ao alcance de meus dedinhos frenéticos e eu vou te contar: não há quase nada que eu não consiga na internet.

Claro que eu nunca quis ofender ninguém. Na verdade, eu sempre prestigiei cantores, bandas, autores, atores, diretores, fotógrafos e muitos outros profissionais por meio dos meus downloads. É fato que não ia gastar meu tempo baixando algo que eu não queria ver, né? Sempre estive a per de todos os lançamentos, e quando o dinheiro não dava lá ia eu baixar uma musiquinha nova, um filminho curioso ou um livrinho diferente pra matar minhas vontades.

Mas agora me sinto uma criminosa. São muitos ataques às pessoas que fazem downloads, só porque você não está pagando pelo produto. Isso é muito injusto! Paguei pelo meu computador, pelo meu celular e nunca atraso a fatura da internet. Mas, piadas a parte, como é possível pagar por itens culturais? Porque é isso que cinema, literatura e música são. Cada uma dessas coisas custa um absurdo, mas o que eu acho mais caro de tudo são os livros. Quem tem dinheiro pra pagar 30, 40 reais por cada livro? Num país em que a maioria das pessoas não tem nem saneamento básico, é claro que ninguém vai sair por aí gastando com um monte de letras impressas.

Antes de criticar uma pessoa por um download, pense no lado dela. Você acha que ela não gostaria de adquirir os produtos? Que não gostaria de ter o encarte do CD, o folheto do DVD e sentir o cheirinho do livro novo? Que não se sentiria muito bem tendo o dinheiro pra poder gastar com isso. Não somos uma nação de privilegiados, o dinheiro não está sobrando.

Antes de criticar uma pessoa por um download, lembre-se se você nunca baixou uma musiquinha pra quebrar um galho, um filminho pra melhorar o tédio ou um livrinho pra relaxar. Verifique seu teto de vidro, porque a menor pedrinha que seja pode levar tudo abaixo.


GRES Imperatriz Leopoldinense (RJ) - Composição: Flavinho, Me leva, Gil Branco, Tião Pinheiro e Drummond

Um ritual de magia...
Oh! Mãe Africa,
Do teu ventre nascia o poder de curar!
Despertam as antigas civilizações,
A cura pela fé nas orações!
Mistérios da vida, o homem a desvendar...
A mão da ciência ensina:
O mundo não pode parar!

Uma viagem no tempo... a me levar!
O valor do pensamento a me guiar!
O toque do artista no Renascimento,
Surge um novo jeito de pensar!

Luz - Semeando a ciência,
A razão na essência, o dever de cuidar!
Luz - A medida que avança,
Uma nova esperança que nos leva a sonhar!
Segredo - A "Chave da Vida",
Perfeição esculpida, iludindo o olhar...
Onde a medicina vai chegar?
No Carnaval, uma injeção de alegria,
Dividida em doses de amor,
É a minha Escola a me chamar, Doutor!
Posso ouvir o som da bateria,
O remédio pra curar a minha dor!

Eu quero é Sambar!
A cura do corpo e da alma no Samba está!
Sou Imperatriz, sou raiz e não posso negar:
Se alguém me decifrar
É verde e branco meu DNA!

"Não consigo imaginar nada mais satisfatório do que amar, mesmo não sabendo o que o amor significa, sei o que representa. É o que nos faz, no meio de uma multidão, destacar alguém que se torna essencial, para nosso bem-estar, e o nosso para o dele. É receber uma atenção exclusiva e ofertá-la na mesma medida. Ter uma intimidade milagrosa com a alma de alguém, com o corpo de alguém, e abrir-se para essa mesma pessoa de um jeito que não se conseguiria abrir para si mesmo, porque só o outro é que tem a chave desse cofre. O amor é uma subversão, e seu vigor nunca será encontrado em amizade ou parentescos. Todas as palavras já foram usadas para defini-lo: magia, deslumbre, sorte, conforto, poesia, aposta, amasso, gozo.

Amar prescinde de entendimento. Por isso não sei amas, porque sou viciada em entender."

Trecho do livro Fora de Mim, de Martha Medeiros. Para comprar este livro, clique aqui.

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