A exposição "Goeldi: o encantador de sombras está no Centro Cultural dos Correios e vai até ó dia 05 de setembro. Ninguém pode perder esta explosição, ela está demais! E o catálogo é uma graça, e é dado de coração. Além disso, a entrada é franca. Então, não tem desculpa!

Bom, até sábado de manhã eu não sabia que era Oswaldo Goeldi, nunca tinh ouvido falar e até achei que fosse alemão. Mas, ao longo da aula sobre gravura eu pude perceber que Goeldi não só foi um dos maiores gravadores de todos os tempos, mas um dos melhores artistas nacionais que eu já ouvi falar.

Oswaldo Goeldi nasceu no Rio de Janeiro (e não poderia ser diferente) em 1895, mas mudou-se para o Pará. Depois, adolescente e já desenhista, foi morar na Suíça. Durante a Primeira Guerra Mundial, ele foi enviado como sentinela à fronteira da Suíça com a Áustria. Ele entrou e abandonou a escola de engenharia de Zurique e também a escola de artes de Genebra. Acho que a academia em seus moldes neoclássicos era frustrante para uma pessoa cosmoplita como ele.

Mas é claro que isso não o impediu de realizar muitas exposições. Na verdade, como muitas vezes acontece, o reconhecimento de seu trabalho aconteceu primeiro no exterior. Em 1917 realizou sua primeira exposição. Entretanto, isso não foi o suficiente para mantê-lo na Suíça e ele acaba voltando para o Brasil, uma coisa que foi desastroza para ele do ponto de vista afetivo. Por uma lado, acho que ele não conseguiu mais se adaptar à vida em família. Por outro lado, acho que ele pode ter encontrado muita ostilidade em seu retorno.

Além disso, sua arte não foi encarada com bons olhos por aqui. A crítica brasileira o recebeu com descaso. Suas raízes artísticas estavam ligadas ao grupo expressionista alemão, enquanto por aqui tudo era muito centrado nas academias de belas-artes, ligadas ao neoclacissismo. Ele ficou profundamente desacreditado e até tentou voltar pra Europa, mas sua viagem foi ainda mais frustrante e ele, enfim, volta.

A partir daí, ele começa suas experiências com a gravação. E, vamos combinar, ele é o máximo! As características expressionistas estão totalmente de acordo com a temática principal que ele adota: os desgarrados e degradados da sociedade, as paisagens escuras e abandonadas, o mar e os peixes. Sua obra é profundamente marcada por uma atmosfera depressiva de cores escuras e vermelhos marcantes. Com um toque aqui e outro ali, ele transforma a cor em sombra e a sombra em escuridão.

Não posso deixar de dizer que ele fazia desenhos para jornais e ilustrava livros. fez ilustrações para muitas revistas e periódicos, além de criar as imagens que aparecem nas primeiras edições brasileiras de "Humilhados e Ofendidos" (1944) e "Recordações da casa dos mortos" (1945), do Dostoiévski. Do convite a execução, os trabalhos demoraram quase 5 anos para ficarem prontos, isso com ele trabalhando todos os dias sem parar no projeto.

Goeldi foi um ótimo desenhista. Mas foi um excelente gravurista. Em suas mãos, é impossível considerar a xilogravura uma arte menor. Ele foi uma pessoa que viveu para sua arte, sempre aperfeiçoando e melhorando os mínimos detalhes. Eu fiquei muito mais do que impressionada com tudo o que eu pude ver e aprender sobre (e com) ele. Acho que esta exposição pode e deve ser vista por todos. É muito importante prestigiar os artistas nacionais, principalamente os bons.

E, para fechar, a frase do dia será dele. Penso que mesmo com a vida difícil que levou, ele ainda encontrou um espaço para dias de otimismo. Aos 65 anos, já muito debilitado pela doença e tendo que abandonar o seu grande amor, a arte, ele ainda disse: "É verdade que sempre acreditei em contos de fadas".

Imagens:
"Autoretrato" (detalhe), xilogravura, 1950.
"Chuva", xilogravura, 1957.

3 comentários:

Annie Mucelini disse...

Uma professora me apresentou a xilogravura na oitava série. Amo desde então. Até me arrisquei e fiz uns 'trabalhos', mas nada que se compare. Esse "Chuva" ficou muito lindo!

Samantha disse...

ahh primeiro adorei as imagens, achei a "Chuva" muito lindo.
Também achei legal, mostrar um pouco da vida do artista, tão pouco conhecido pelo grande público leigo como eu.
E depois que linda essa frase, eu tb acredito em contos de fadas ^^

bjks

MARCINHOW disse...

A minha vida toda quis saber desenhar! Adoro ver quadros e desenhos dos outros!

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